6.ª Avenida: #20 - Diário de Bordo: São Francisco (dia 1)

Bom dia minha gente!

Começamos a semana com um episódio da rubrica "Diário de Bordo"! Digam lá, já tinha saudades...! Hoje vou contar-vos um pouco sobre a nossa viagem à Califórnia, que se vai prolongar por uns quantos posts. Espero que gostem...

Desde que tínhamos colocado os pés nos EUA, na nossa lua de mel, em 2015, que ficámos cheios de vontade de lá voltar. Especialmente para conhecer a outra costa, a Califórnia. Felizmente tivemos essa oportunidade neste ano e não a desperdiçámos. O plano de viagem começava em Lisboa, com voo para São Francisco (e uma escala em Filadélfia). Viajamos pela American Airlines e não foi nada bom. Os aviões eram velhos e desconfortáveis, nem sequer tinham sistema de entretenimento e, no voo interno (Filadélfia - São Francisco), apesar de ter demorado umas 5h, deram-nos apenas água e café. Foi bastante mau. Mas pronto, chegamos lá, que era o que verdadeiramente interessava, apesar de termos apanhado quase 1h seguida de turbulência, que me fez ficar verde de enjoo.

Chegamos tardíssimo ao hotel, por isso, a visita só começou no dia seguinte. A primeira coisa que percebi foi que a Califórnia é cara. O hotel foi caro, a comida era cara, tudo era caro. Os pequenos almoços eram ótimos, mas custavam o mesmo que um almoço. Ficamos hospedados perto da Union Square, muito bem localizados, sem dúvida, e começamos logo por explorar a praça. De seguida apanhamos o metro e fomos para o Mission District. Esta é uma zona em que abundam os graffitis e as pinturas na parede, uma zona ligada à arte, aos direitos das mulheres, à imigração, às desigualdades sociais, a todos os problemas que afetam uma comunidade. Balmy Alley e Clarion Alley são os dois locais a não perder e alcançam-nos percorrendo a Valencia Street, uma avenida cheia de lojas, cafés, restaurantes, que vão mudando de aparência consoante os quarteirões se vão seguindo. Esta é, também, a área da Mission Dolores. Quase todas as cidades da Califórnia têm uma Mission. São igrejas, fundadas por missionários espanhóis, que evangelizaram aquela parte dos EUA. São antigas, muitas vezes monumentais e muito semelhantes às europeias.

Da parte da tarde seguimos para o Castro, a zona gay de San Francisco, por excelência. As passadeiras não são brancas: têm as cores do arco-íris. As bandeiras coloridas surgem um pouco por todo o lado, as lojas seguem a temática LGBT+ e encontram-se coisas espetaculares, desde perucas fluorescentes, a cachecóis de penas, guarda-chuvas tipo bolas de espelho, tudo o que possam imaginar. As pessoas são alegres, divertidas e descontraídas. Ali nasceu a luta pelos direitos dos homossexuais e era naquele local que Harvey Milk, primeiro político assumidamente gay a ser eleito para um cargo público nos EUA, fazia os seus discursos e geria a sua campanha. Outro dos pontos mais importantes dessa zona é o teatro, de 1922, super giro, muito bem conservado e ainda em funcionamento. Tivemos um momento genial, quando, enquanto passeávamos tranquilamente pela rua, nos cruzamos com dois homens, completamente nus, com apenas uma "capinha" sobre vocês-sabem-o-quê, mas com praticamente tudo à mostra. Não foi assustador, não nos sentimos mal, foi só engraçado e despropositado e eles também estavam super à vontade e divertidos. Rimo-nos o resto da tarde, sempre que nos lembrávamos!

Do Castro apanhamos um autocarro para o topo das Twin Peaks, duas colinas de onde se tem uma vista desafogada para a cidade. O motorista não nos cobrou o bilhete e ainda nos indicou onde teríamos que sair. Subimos uns degraus mesmo até ao topo e, quando lá chegamos, percebemos que o frio era inacreditável. Estava sol, mas o vento era gelado. Outro dos fenómenos que se pode ver em San Francisco é o nevoeiro. Ele aparece do nada, denso, frio, como uma parede, conseguimos vê-lo a avançar perfeitamente, até que engole a cidade. A vista das Twin Peaks é de cortar a respiração e vale a pena qualquer frio que possa ter sentido (que foi muito!). Apanhamos o autocarro de volta para o centro (mais uma vez, sem pagar) e terminamos o dia em Chinatown. Foi cansativo, mas foi um dia em cheio...