sábado, 12 de janeiro de 2013

A Chanel e a Pepa

Ontem deixei-vos com um vídeo de uma blogger, a Pepa. E o que é que tem de tão especial este vídeo? Ora bem, a Samsung decidiu fazer uns vídeos publicitários com alguns bloggers portugueses acerca dos seus desejos para 2013. E este é um deles. No vídeo a blogger diz que uma das resoluções para 2013 era comprar uma mala Chanel, que andava a juntar dinheiro para isso e que seria uma grande conquista pessoal conseguir comprá-la com o seu dinheiro.
Pois bem, este vídeo circulou por toda a internet e os comentários multiplicaram-se, criaram-se páginas do facebook a gozar com a situação e toda a gente fala nisto.
Creio que o problema de todo este vídeo não é o facto de ela querer uma Chanel (ela até refere que está a trabalhar e a juntar dinheiro, o que já nem é muito mau, podia ser bem pior!), mas sim todo o tom utilizado na entrevista, completamente desfasado da realidade. Todos nós temos desejos materialistas, uns mais caros que outros e todos gostaríamos de os alcançar. Que mulher não gostaria de ter uma mala Chanel? Que homem não gostaria de ter um Porsche? O que nem todos fazemos é colocar esses desejos como uma prioridade para um novo ano que se afigura tão complicado financeiramente ou como a maior conquista da nossa carreira profissional ou vida pessoal. 
O facto de ela ser "queque" ou "afetada" provoca logo nas pessoas a ideia de que é uma miúda mimada, que nunca trabalhou na vida para ter o que tem e o que gosta e as pessoas sentem-se indignadas. Não acho que seja inveja, de todo! Simplesmente acho que as pessoas sentem que ela não dá valor às coisas que tem e não entende o conceito de trabalhar para viver. Sobretudo porque, hoje em dia, quem não tem um familiar ou amigo que se encontre numa situação económica ou profissional mais complicada? Daí que choque ouvir uma rapariga com 20 e tal anos pensar desta forma.
Depois, estes casos trazem repercussões para todos os outros fashion bloggers. As pessoas ficam a pensar que são todos uma cambada de fúteis que não fazem nada na vida a não ser ver revistas, tirar fotografias ao seu dia a dia e responder a comentários adulatórios. 
Não que me possa incluir nessa categoria, mas creio que é uma generalização injusta. Aliás, todo o mundo da moda está coberto da ideia de futilidade. Contudo, na minha modesta opinião, a moda é uma indústria, como o cinema, a música, etc. Tem bons e maus profissionais, pessoas melhor ou pior formadas. Mas o que é certo é que não deve ser discriminada só porque talvez não seja tão essencial como a medicina, a engenharia ou o direito. As pessoas que trabalham em moda podem ser tão esforçadas, tão cultas e tão inteligentes como um médico, um engenheiro ou um advogado. E o mundo tem lugar para toda a gente!
Daí que eu não considere a Pepa fútil por trabalhar em moda, por falar de roupa ou por querer uma mala. Eu acho que ela é fútil por fazer disso um objetivo de vida. A vida tem tantas coisas boas, tantos recantos por explorar, tanto para ser vivido. Espero que este momento tenha servido para ela repensar a sua atitude e o que quer da vida. 

E vocês, o que acham?***

2 comentários:

  1. Concordo e discordo ao mesmo tempo ;)

    Não acho que o desejo da Pepa deva ser julgado, nem tão pouco classificado. Neste momento e devido a toda a contensão que se faz acho que as pessoas estão menos tolerantes e tudo lhes faz confusão. No caso da Pepa estavam à espera que ela dissesse que os desejos para 2013 fossem dinheiro, trabalho, amor e paz no mundo, uma espécie de discurso "Miss". Acontece que a jovem trabalha com moda e achou que deveria falar sobre a sua profissão, e um dos seus desejos para este ano, relacionado com o que faz e o que mais gosta na vida, seria ganhar dinheiro suficiente que lhe permitisse comprar uma mala Chanel. Nota que ela não disse que queria que lhe oferecessem, ela queria comprar pois seria uma conquista na vida dela, era algo que deseja ter mas, que conseguiu através do seu esforço, do seu trabalho. Numa outra altura a sua atitude seria de louvar, é uma rapariga que quer lutar pelo que deseja, não vai ficar de braços cruzados à espera que lhe ofereçam, vai poupar o que é um bom principio, não interessa o objecto em si pois cada um deseja aquilo que bem quiser, tratava-se da sua atitude. Contudo a intolerância impera, e com ela alguma "inveja", talvez a palavra seja forte mas não me ocorre uma melhor que descreva a atitude das pessoas que acham que ela não pode desejar tal objecto com aquela idade, com a situação que o país está a passar, e aqui o caso não passa pela mala, passa pela aquisição de qualquer produto que tenha um valor elevado. Já pensaram em quantas pessoas começaram o ano a pensar " é este ano que eu compro o carro XPTO, é este ano que compro um iPhone, e outros gadgets e viagens", são valores mais baixos, outros valores mais elevados, mas todos têm desejos de coisas que podem não ter a tal utilidade que tanta gente fala... pois bem eu posso achar um iPhone algo extremamente útil, desejar ter um desses smartphones ao invés de um telemóvel muito mais barato de uma outra marca e sem tanta aplicação, mas se eu consigo poupar dinheiro de forma a conseguir comprá-lo porque não? É mais barato que uma mala Chanel? Sim é, mas se calhar tendo em conta o meu estilo de vida e o meu emprego um iPhone pode ser um desejo exagerado. A Pepa tem um ordenado de 700€, mais que muitos de nós e muito inferior a outros tantos, e só ela sabe o que fazer com o seu dinheiro, o facto da menina o ter verbalizado é que tornou tudo menos aceitável. Isso mostra que, se o nosso vizinho compra um Mercedes nós vamos pensar "olha parvo, o país está como está ele a comprar um Mercedes", pois mas cada um sabe de si,cada um gasta o SEU dinheiro como quer, e cada um tem as suas prioridades que não devem ser criticadas e muito menos discutidas em praça publica como fizeram com a Pepa. Se ela é afetada? Sim a sua forma de falar pode ser engraçada, perturbadora ou até aborrecida, depende de quem a está a ouvir. Mas, quantas pessoas nós conhecemos assim? É sempre mais fácil criticar e ficar do lado que atira pedras deixando o próximo abandonado às criticas e insultos. E as pronuncias? Só porque são pronuncias são cultura, mesmo quando dizem palavras que nem sequer existem no dicionário, alguém que fale de forma demasiadamente inexpressiva e melosa é alvo de critica, não é pela forma como fala que merece tanta critica e tanto julgamento sobre um desejo que pode custar cerca de 3.000€. Sabem que mais? A Samsung deve ter adorado, pagaram pouco por uma campanha web que pretendia ser diferente e atingir um nicho de mercado,e daí parecer desfasada da realidade, porque era na verdade para uma realidade que existe mas não aos olhos de todos, seja como for, conseguiram desta forma uma publicidade mundial ao preço da chuva. Se muitos criticam a marca? Claro que sim, mas quem se importa? O Branding está mais forte que nunca.

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