quinta-feira, 14 de setembro de 2017

# 11 - Diário de Bordo: Vietnam (Hanói)

Ora muito bom dia!
Está de volta mais um episódio da rubrica "Diário de Bordo". A semana passada tínhamos terminado (se é que é possível terminar) a minha aventura no Tomorrowland, por isso hoje rumamos à Ásia para continuar viagem. 

Saímos do Tomorrowland com um misto de euforia, tristeza e saudade, mas percebemos que, na verdade, as férias tinham acabado de começar. Metemo-nos num autocarro da organização que nos levou até à estação de comboios de Boom, daí e depois de trocar outra vez de comboio lá chegamos ao centro de Bruxelas. Queríamos ir a um posto dos correios enviar para Portugal as tendas e os sacos cama que trouxemos connosco. Na estação disseram-nos que havia uma papelaria que fazia esses envios. Fomos lá, pagamos couro e cabelo e, até ao momento, apenas recebemos 3 sacos cama. O 4.º e as tendas, nem vê-las! Mas isso é outra história.

Ainda houve tempo para um gaufre e para um vislumbre rápido do Manneken Pis, mas depois tivemos que apanhar um novo comboio para o aeroporto. A viagem ia ser longa, tínhamos que tratar do check in e queríamos estar descansados. Voamos com a Turkish Airlines e não me posso queixar de nada. Fizemos escala em Istambul, curtinha, e seguimos até ao Vietnam. No total, em horas de voo, foram umas 15 (3 horas de Bruxelas a Istambul, mais 10 horas até Saigão, mais 2 horas até Hanói).

Saímos do avião todos torcidos mas ainda tínhamos que passar pela imigração. Já tínhamos tratado dos vistos online (aqui), por isso já levávamos toda a documentação necessária. Agora era só entregá-la, pagar e receber o visto. Perdemos praí 1h30 nesta brincadeira e quando conseguimos passar, as nossas malas já estavam atiradas para um canto fora do tapete rolante. Mas estavam lá, nada mau!

Mal se punha um pé fora do aeroporto percebia-se que aquele calor não era normal. Estava de calças de ganga e pensei que ia entrar em auto-combustão. Eram 23h e mesmo assim estava um abafo que não se podia. Fomos logo "roubados" pelo taxista, que nos pediu 40 dólares para nos levar até ao hotel (que, efetivamente, ficava a uns 40min do aeroporto), mas só percebemos isso quando viemos embora de Hanói e pagamos 12 dólares pelo mesmo percurso, mas com um táxi reservado pelo hotel...

Ficámos alojados numa parte da cidade chamada Old Quarter. Era o sítio mais típico, uma espécie de centro histórico, onde supostamente se teria a verdadeira experiência vietnamita. A primeira impressão foi péssima. Tudo velho, sujo, cheiros esquisitos no ar, quase ninguém na rua, muitas motas estacionadas pelos passeios fora. O hotel era muuuuuuito razoável, mas correspondia ao preço que pagamos por ele. Tinha um rececionista chamado Max muito simpático, mas que nos quis ficar logo com os passaportes. Quando lhe perguntamos porquê disse que tinha que fazer o nosso registo no sistema, mas que o sistema estava em baixo. Parecia que estava nas finanças. E só dizia "maybe I give you tomorrow". Maybe? Como maybe? Depois percebemos que ele não sabia bem o que significava maybe, pois tinha um inglês péssimo, como praticamente tooooda a gente com quem nos cruzamos nestas férias.

No dia seguinte logo cedo fomos fazer um cruzeiro em Ha Long Bay, mas isso também vai ter que ficar para outro episódio. O cruzeiro durou dois dias e depois voltamos a Hanói, ao mesmo hotel, ao mesmo Max que nos voltou a ficar com os passaportes, nos disse para irmos passear e que "maybe when you come back I give you your passports". Tenho a certeza que há uma família vietnamita a viajar por esse mundo fora com cópias falsificadas dos nossos passaportes, mas pronto, está tudo bem.

Em Hanói decidimos logo arriscar tudo. Na consulta do viajante a que fomos disseram-nos que não devíamos beber água da torneira, nem sequer usá-la para lavar os dentes. Que não devíamos comer nada que não estivesse cozinhado, o que inclui a fruta já descascada (se tivesse casca podíamos comer). Mas nós queríamos experimentar a comida de rua, queríamos perceber como é que as coisas funcionam. Depois de passearmos pelas ruas cheias de lojinhas de tudo e mais alguma coisa (grandes imitações, by the way) decidimos ir ao beer corner (onde se vende a cerveja mais barata do mundo, mas provavelmente também a pior) e comer qualquer coisa. 

A escolha do sítio foi desesperante. Eles comem em mesas super baixinhas, no meio da rua ou nos passeios, com mini bancos quase colados ao chão. Cozinham no chão, lavam a loiça no chão, fazem quase tudo ao nível do chão. Muito estranho, especialmente porque o chão não estava limpo nem tinha bom aspeto. Encontramos um "restaurante" com mesas ligeiramente mais altas e com muitos orientais. Achamos que se eles lá estavam aquilo devia ser bom. Ficamos. Pedimos o que toda a gente estava a comer: codornizes grelhadas na brasa. Vimos o rapaz a fazê-las, o que é imperativo, e até estavam boas, tirando o facto de ainda virem com a cabeça... Pelo menos percebemos que era definitivamente um pássaro, por causa do bico, e não um qualquer rastejante.

De repente começa tudo aos berros, mandam-nos sair das mesas e começam a arrumar tudo para dentro do restaurante. Sim, porque nós estávamos numa espécie de esplanada, no meio da rua. Depois do pânico inicial, percebemos que era a polícia. Eles claramente não podiam ter aquelas esplanadas e arrumavam tudo sempre que a polícia passava ao longe. Mudaram-nos para um cantinho, o que foi ótimo, porque das outras duas vezes em que isto aconteceu, já não tivemos que nos mexer. Pedimos mais comida, uma espécie de grelhador com uma vela por baixo fritava em manteiga camarão, ameijoas, lulas, carne, legumes. Tudo com muito bom aspeto. Baratíssimo e muito bom.

Uma das coisas inacreditáveis em Hanói é o trânsito. Praticamente toda a gente se desloca em motas (acho que 2 milhões de motas!), todos com máscaras contra a poluição e pura e simplesmente não param em circunstância nenhuma. Semáforos há poucos e mesmo assim as motas não os respeitam. Enquanto buzinam freneticamente, no sentido de avisar "eu vou passar", arrancam para todos os lados. Atravessar uma rua é pôr a vida em risco. O truque era esticar um braço (tipo, para lá essa porcaria!) e avançar sem parar. Eles desviam-se de ti. E rezar. Quer acreditem ou não, é melhor rezar para chegar ao outro lado sãos e salvos. Nós conseguimos sempre sem incidentes, mas muitos foram evitados por uma unha negra... Porque para além das milhentas motas ainda há os tuc tuc, as bicicletas, os vendedores ambulantes e as centenas de pessoas a pé. É uma confusão inacreditável e super gira ao mesmo tempo.

No dia seguinte experimentamos o prato típico num dos melhores restaurantes da zona, indicado por um local, o Pho. O Pho é uma sopa com noodles de arroz e legumes, à qual pode ser adicionado carne de vaca ou frango. Leva lima, hortelã e malagueta. É difícil de comer com pauzinhos, especialmente para mim que sou uma naba, mas nada que uma colher não resolva. Também trouxeram uma espécie de churros, uma massa frita, para acompanhar. Não era mau, mas também não se perdia grande coisa se não os trouxessem. Os rapazes adoraram, ajudava a encher a barriga que só sopa não dá para tudo. À noite fomos beber um cocktail a um bar no rooftop de um prédio, mesmo em frente ao famoso lago Hoàn Kiếm, numa zona mais moderna e a vista era espetacular.

Andamos muito a pé, passeamos ao longo do lago, visitamos a Catedral de São José (Nha thờ Lớn Hà Nội), apanhamos um tuc tuc e fomos até ao Mausoléu do Ho Chi Minh (Lang Hồ Chí Minh), ao One Pillar Pagoda (Chùa Một Cột), ao Palácio Presidencial (Phủ Chủ tịch) e aos jardins que cercam essa zona. Entretanto apanhamos uma chuvada, apesar de estar um calor de morrer e  voltamos para o hotel, porque saíamos para o Cambodja nessa tarde. 

É, sem qualquer dúvida, uma realidade muuuuito diferente da nossa. É preciso levar uma mente aberta e sem preconceitos. É preciso não ter nojo de tudo, porque senão não fazem nada. Eu sou uma nojentinha e estou aqui. Se eu consegui, vocês também conseguem :)

Lago Hoàn Kiếm

Poucas motas, não acham?!

Os vendedores ambulantes com os típicos chapéus vietnamitas

Comércio

As casas

O restaurante do Obama (temos muuuuitas dúvidas!)

O beer corner

O nosso assador de serviço

As belas das codornizes

O tal prato de marisco, legumes e carne que ia grelhando lentamente nesse "grelhador" com papel de alumínio

A Catedral de São José

Beijinhos do tuc tuc

A linha de comboio que passava no meio das casas

O Mausoléu do Ho Chi Minh

Render da guarda

O palácio presidencial

Os jardins do palácio

Estátua de Ho Chi Minh

É verdade, nos jardins era proibido comer chiclets...

Museu do Ho Chi Minh (sim, tudo é acerca do Ho Chi Minh)

One pillar pagoda (pagode com um pilar)

Templo

O melhor restaurante de Pho em Hanói, chama-se Pho 10 e fica em 10 Ly Quoc Su Street


O Pho e os "churros"

A vista do lago, à noite, do rooftop

Para a semana viajamos até Ha Long Bay, tenho a certeza que vão adorar!
Até amanhã***

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