Olááá malta!
Hoje voltamos a falar de séries, porque quero partilhar convosco a minha última descoberta: a minissérie Unbelievable, da Netflix! Não sei se conhecem, mas se não conhecem, têm mesmo que ler este post. E ir direitinhos à vossa plataforma de streaming ver os 8 episódio de uma enfiada..
Unbelievable é inspirada em eventos reais e conta duas histórias, em dois tempos diferentes, 2008 e 2011. Na primeira, a protagonista é Marie Adler, uma adolescente que apresenta uma denúncia de violação e que, mais tarde, não só retira a queixa como é acusada e julgada por falso testemunho. A segunda conta a história de duas investigadoras cujos caminhos se cruzam para tentar encontrar o que parece ser um violador em série.
Sem querer, como sempre, adiantar de mais e estragar-vos com spoilers, tenho que vos contar um pouco mais destas histórias. Em 2008, Marie Adler (Kaitlyn Denver) chama a polícia ao seu apartamento e diz que foi violada por um homem mascarado que entrou na sua casa enquanto dormia. Logo no local do crime, Marie é obrigada a contar e reviver a história umas 3 vezes, sendo sempre confrontada com pequeno pormenores que deixava de lado, se esquecia ou adicionava. Os polícias, todos homens, desde logo duvidaram da sua versão do acontecimentos e pressionaram-na ao máximo.
Tendo tido uma vida extremamente complicada, Marie está farta de sofrer e só quer esquecer o que aconteceu. Pelo que é convencida pelos investigadores a dizer que inventou tudo e que não foi violada. As entrevistas entre os polícias e a vítima são revoltantes, agonizantes e enervantes. Não são fáceis de suportar e nós só as estamos a ver. Imaginem ser a pessoa que está ali a ser pressionada. Sim, porque isto aconteceu (e talvez continue a acontecer) na vida real...
Para cúmulo dos cúmulos, é acusada de prestar um falso testemunho e é acusada pelo Ministério Público, tendo que se defender e aceitar um acordo para não ir presa. Realmente esta justiça nos EUA é qualquer coisa de espetacular...
A segunda parte da série passa-se em 2011 e começa com uma investigadora, Karen Duvall (Merrit Wever) a ser chamada ao local do crime. Uma violação de uma rapariga que vive sozinha, por um homem mascarado, abre as portas a uma investigação profunda. No caminho, Duvall descobre que há outros casos semelhantes em diferentes Estados e junta-se a Grace Rasmussen (Toni Collette), outra investigadora, para descobrir a identidade deste que parece ser um violador em série.
A abordagem das duas polícias às vítimas é a antítese do que podemos ver na primeira parte da história, do que se passa em 2008 com Marie: carinhosas e atenciosas, dando tempo e espaço às vítimas para contar a história nos termos em que acharem melhor, quando se sentirem confortáveis. É mais do que visível a diferença entre a mulher violada que é tratada com compaixão, que é ouvida e tida em consideração, daquela que é descredibilizada, desacreditada. O efeito que isso pode ter na vida dessas mulheres é inacreditável...
Esta minissérie foi baseada na investigação jornalística de T. Christian Miller e Ken Armstrong publicada em 2015 nos sites ProPublica e The Marshall Project, chamada "An Unbelievable Story of Rape" ("Uma Inacreditável História de Violação") e vencedora de um prémio Pulitzer. A série trata de um tema tão sensível como este de uma forma sublime, com desempenhos brilhantes de todas as suas protagonistas, incluindo a argumentista Susannah Grant (de Erin Brockovich).
As mulheres vão sentir esta série na pele e perceber que quem nos ouve e a forma como reage ao que ouve pode fazer uma diferença incrível na nossa vida. Felizmente, quero acreditar que a sociedade tem vindo a mudar e o tratamento destes casos tem sido feito de forma mais cuidadosa, mas não sei se já estamos no caminho em que devíamos estar. Espero que sim!
Vi quase tudo de seguida porque fiquei coladíssima à história e acredito que também ficarão! Recomendo, totalmente! E vocês, já viram? O que acharam? Contem-se tudooooo!
Até amanhã***
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