segunda-feira, 15 de janeiro de 2018

# 17 - Diário de Bordo - Berlim

Bom dia, malta!
Hoje trago-vos mais um episódio do Diário de Bordo, desta vez com o relato da minha viagem a Berlim na passagem de ano. 
Antes de começar, porém, há três coisas que não posso deixar de dizer: a primeira é que viajar é uma das coisas que mais gosto de fazer na vida. A segunda é que, mais do que as cidades e os lugares, para mim, o conceito de viajar tem que ver com as experiências que aí se têm. A terceira é que, pelas duas razões anteriores, terei que voltar a Berlim. Já vão perceber porquê.

Começando, então, pelo início... Eram 17h30 do dia 28/12 e já estávamos com uma hora de atraso quando embarcamos, rumo a Berlim. O voo foi tranquilo, mas, com o atraso e as diferenças horárias, chegamos lá bastante tarde. No aeroporto (Schoenefeld) apanhamos o metro e passado uns 20/30min estávamos na estação mais perto do nosso hotel. Ficamos no East Side, mesmo ao ladinho do muro. Como era tarde e não tínhamos jantado, acabamos, obviamente, no McDonald's da estação de Ostbahnhof... Percebemos, rapidamente, que, tal como em quase todas as cidades onde fui, as estações de Berlim à noite não são bem frequentadas. Vimos logo um "confronto" entre um sem-abrigo e uns rapazes meio embriagados... Foram logo umas boas vindas estranhas. Felizmente o hotel ficava a uns 200m da estação, era calmo, limpo, quentinho e estava tudo em ordem com a nossa reserva. Nesse dia foi mesmo chegar e "xixi-cama". 

Para o dia seguinte tínhamos planeado um passeio "geral" para perceber a dinâmica da cidade e ver, sem grande pormenor, os locais principais. Começou logo bem porque o boy estava tão doente que me disse que não ia, sequer, sair da cama. Depois do pequeno almoço, de uns comprimidos pela garganta abaixo e de um banho quente lá o consegui arrastar. Mas foi isso mesmo que ele (coitado) fez durante estas férias: arrastou-se...

Apanhamos o comboio e saímos em Alexanderplatz, onde encontramos a Berliner Fernsehturm: uma torre de radiodifusão de 368m, a quarta maior estrutura sem apoios da Europa. Podem subir a uma plataforma ou ir ao restaurante no topo. Para ambos têm que pagar um bilhete. Seguimos até à Câmara Municipal (Rotes Rathaus) e, mais ou menos do outro lado da rua, está a Igreja de Santa Maria. Depois seguimos pela avenida mais central (Bundesstrasße 2) em direção ao Portão de Brandemburgo. No caminho passamos pela Catedral de Berlim (Berliner Dom) e pela ilha dos museus (Museumsinsel), mas tínhamos planeado visitar essa parte no dia 1 de Janeiro, o nosso último dia. Também podem encontrar, do lado esquerdo (convenientemente) a estátua de Marx e Engels (Marx-Engels Forum) e, pouco antes de chegar ao Portão, a Universidade, museus, galerias e várias embaixadas. 

O Portão de Brandenburgo é imponente e assemelha-se aos arcos que existem pela Europa fora, como o do Triunfo, em Paris, mas é bem mais pequeno (basicamente, tem metade da altura: 26m contra os 50m do Arco do Triunfo). Infelizmente, por causa dos festejos do ano novo, não era possível atravessar o portão e seguir pela Unter den Linden, a famosa avenida que atravessa o Großer Tiergarten, o maior e mais antigo parque de Berlim... Ficou toda essa parte por conhecer...

Daí seguimos para o Memorial do Holocausto (ou Memorial aos Judeus Mortos da Europa), um conjunto de blocos de cimento, num chão ondulado. A sensação é a de clausura, de frieza, de afastamento dos sentimentos. Sentes-te pequeno, sozinho, perdido e confuso ali no meio. O caos no meio da organização. Visitamos a Potsdamer Platz, o Centro Sony e um mercadinho de Natal que se encontrava ali na Praça. No final do dia fizemos a visita ao Reichstag. Fiz o registo pela net antes de irmos (https://visite.bundestag.de/BAPWeb/pages/createBookingRequest.jsf?lang=en), pelo que foi só comparecer à hora indicada. Fomos um pouco mais cedo porque estava muito frio e deixaram-nos entrar. Caso não agendem com antecedência, têm que ir para a fila e tentar arranjar vaga para esse dia ou para os seguintes. A visita à cúpula é gratuita, só depende do registo prévio e têm direito a um audioguia. Foi das coisas que mais gostei de fazer/ver em Berlim. Mas se forem no Inverno, façam a visita de dia. A cúpula não é 100% fechada e está um frio que não se aguenta...

Começamos o segundo dia bem perto do hotel, a ver os trabalhos artísticos que fizeram no muro, na chamada East Side Gallery. Pinturas famosas, bem conhecidas por todos, estão ali, em exibição, no "meio da rua", acessíveis a toda a gente. Representam a liberdade, um futuro melhor para todos. Daí apanhamos o comboio para o Checkpoint Charlie. A chuva começou a cair e isso também não ajudou na nossa visita... O Checkpoint Charlie é um posto militar na fronteira entre a Alemanha Ocidental e a Alemanha Oriental, existente durante a Guerra Fria. Vários perderam a vida a tentar atravessá-lo, à procura de melhores condições de vida. Ainda é possível encontrar os avisos de saída e entrada do setor americano. Junto há uma pequena exposição sobre o checkpoint, a fronteira, as histórias de quem tentava atravessar a fronteira e a divisão operada pelo Muro.

Daí seguimos para a Topografia do Terror, um museu situado no local onde se encontrava a sede das SS e da Gestapo, entre outras dessas forças policiais fofinhas. Há aí, também, uma parte original do Muro, que não foi destruída e na exposição encontram-se inúmeros documentos, fotografias, explicações sobre a propaganda nazi, o "trabalho" realizado pelas forças militares e policiais do regime, a caça aos judeus e a preparação do Holocausto.

Terminamos o dia num mercado de Natal, em Gendarmenmarkt, uma praça localizada no centro histórico de Berlim, com a Konzerthaus (Casa de Concertos) no meio da praça e duas catedrais de cada lado (uma francesa e uma alemã, praticamente iguais). O mercadinho era muito giro, com artesanato, comida e bebida. Foi ótimo para nos refugiarmos da chuva e só pagamos € 1,00 para entrar. Infelizmente, ao jantar recebemos a notícia de que um familiar nosso tinha falecido e que teríamos que voltar a Portugal o mais rapidamente possível. Ora, se o espírito já não estava no seu auge (com a gripe e a chuva à mistura), pior ficou a partir daquele momento...

O terceiro dia e, para nós, o último, foi o dia 31. Estava muita coisa fechada, muita mesmo. Por isso já não conseguimos alterar os planos e concentrar tudo o que ainda queríamos fazer naquele dia, como, por exemplo, ir à ilha dos museus. Não foi, de todo, possível... Por isso, mantivemos o trajeto original e começamos o dia em Charlottenburg, onde visitamos a Igreja Kaiser Wilhelm, parcialmente destruída na 2.ª Guerra Mundial e que foi mantida assim, sendo considerado um memorial da Guerra. Nos anos 60, atrás da Igreja foi construído um campanário e à sua frente uma capela super moderna (chamada Igreja Nova ou Neue Kirche, em alemão). Os vitrais azuis são lindíssimos e ninguém diria que tem quase 60 anos. As visitas são gratuitas, quer à Kaiser Wilhelm, quer à Neue Kirche. À volta destas Igrejas havia outro mercado de Natal, aquele que, em 2016, foi abalroado por um camião. Imensas velas, flores e fotografias das pessoas que perderam a vida nesse ato terrorista encontram-se espalhadas pelas escadas laterais da Igreja Nova. É um cenário muito triste...

À tarde fomos passear pelo Kulturforum, pela zona do Casino e da Potsdamer Platz, porque não nos queríamos afastar muito daquela zona, uma vez que tínhamos restaurante marcado e o fogo era no Portão. Mas estava frio e chuva, por isso lá conseguimos arranjar um museu aberto e fomos ao Museu Judaico. Com bilhete familiar, os adultos pagaram € 7,00 e gostei muito da experiência. visitem as salas vazias (sobretudo a que tem as caras de metal no chão e vejam se não é desconcertante...)! Depois de jantar, tentamos chegar ao centro para ver o fogo, mas já estava lá tanta gente que não nos deixaram passar, por motivos de segurança.

Tivemos que ficar numa rua lateral e as coisas não correram como planeado. Não víamos o Portão, não havia nenhum ecrã com a contagem, estávamos no meio da rua, rodeados de alemães loucos que lançavam o seu próprio fogo de artifício sem qualquer segurança. De repente vimos o primeiro foguete "oficial". Percebemos que já era meia noite e nem nos tínhamos apercebido. O fogo de artifício foi giro, mas tendo em conta a experiência de Londres no ano passado, este ficou muito aquém das expectativas. Aliás, Berlim, no geral, para nós (talvez por todo o circunstancialismo que rodeou esta viagem), ficou muito aquém do que esperávamos.

Vou-vos poupar à epopeia que foi, nessa noite, arranjar um transporte para o aeroporto. Vou-vos poupar à insegurança que sentimos durante essa madrugada na rua (sobretudo por causa da loucura que é o fogo de artifício lançado pelos locais - vimos depois que houve 2 mortos e vários feridos à custa dos foguetes) ou à pouca simpatia dos berlinenses (com algumas exceções, é verdade). Infelizmente, Berlim não me encheu as medidas, mas quero lá voltar. Com sol. Com tempo para explorar o que ficou por ver. Com saúde, com vontade, com todas essas coisas boas que nos fazem viajar. 
2018 não começou muito bem, mas, vendo pelo lado positivo, agora tem que ser sempre a melhorar, porque pior é difícil... 

Berliner Fernsehturm

Igreja de Santa Maria

Marx-Engels Forum

Berliner Dom

Berliner Dom

No Portão de Brandemburgo

Memorial do Holocausto

Potsdamer Platz

Partes do Muro de Berlim na Potsdamer Platz

Pela cidade continua assinalado, no chão, o sítio onde se encontrava o muro

O Reichstag

No interior da cúpula do Reichstag

Boletim de voto, apenas com a opção de votar em... Adolf Hitler...

Muro de Berlim - East Side Gallery

Muro de Berlim - East Side Gallery

Muro de Berlim - East Side Gallery

A recriar o mural

Checkpoint Charlie

Cartaz à saída do sector americano

Cartaz à entrada do sector americano

Checkpoint Charlie

Divisão de Berlim após a 2.ª GM

Topografia do Terror e Muro de Berlim

Gendarmenmarkt

Igreja Kaiser Wilhelm, Neue Kirche e o campanário (em obras)

Igreja Kaiser Wilhelm

Neue Kirche

Lanche na Dunkin' Donuts (éramos 8... não foi tudo para mim!)

Árvore de Natal em frente ao casino Spielbank Berlin

Museu Judaico

E vocês, conhecem Berlim? O que acharam? Contem-me tudooo!
Até amanhã***

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