terça-feira, 2 de outubro de 2018

#30 - Diário de Bordo: Death Valley (dia 12)

Olá olá olá!
A nossa aventura nos Estados Unidos está quase a chegar ao fim... No episódio de hoje deixamos a Califórnia e entramos no estado do Nevada. Isto porque, Las Vegas é o nosso próximo destino. Só que, para lá chegar, tivemos que atravessar um local chamado Death Valley! Eu nunca tinha ouvido falar dele até começar a planear esta viagem e digo-vos, percebo porque é que tem este nome! 

O Death Valley é, basicamente, um deserto. É um dos locais mais quentes do Mundo! É considerado um parque natural que separa a Califórnia do Nevada. Pagamos igualmente uma entrada de 30 dólares, por carro, que é válida por 7 dias. O parque é gigantesco, pelo que somente visitamos uma parte dele. Saímos bem cedo de Ridgecrest, a cidade onde ficámos a dormir, porque não queríamos chegar lá no pico do calor. Mas foi impossível...

Logo à entrada do parque tem uma pequena subida e, antes dela, uma placa a pedir para desligarmos o ar condicionado do carro. Como assim? Então eu vou entrar num deserto e tenho que desligar o AC?? Depois percebemos porquê: porque está muito calor e o carro vai ter que fazer um maior "esforço" para subir aquele pedaço, o que pode fazê-lo sobreaquecer se levarmos o AC ligado. Ou seja, mais vale morreres um bocadinho de calor, do que ficares apeado no meio do deserto porque o teu carro pifou... Pareceu-me justo! Felizmente pudemos ligar o fresquinho um pouco mais à frente.

A paisagem era impressionante. Este não era o típico deserto de areia, tipo Saara (apesar de haver lá uma zona com dunas, que não visitamos). É um vale abaixo do nível do mar, cercado por cordilheiras altas e íngremes. Quando o sol aquece o solo, esse calor é irradiado para cima, mas o ar denso abaixo do nível do mar absorve parte dessa radiação e irradia parte dela de volta para o solo. Ou seja, é um calor do caraças! O Death Valley é, ainda, famoso pelas suas superfícies salgadas. Ali existiu, há muito muito anos, um lago com quase 160 km de comprimento e 180 m de profundidade. Quando a área se transformou num deserto, a água evaporou, deixando uma abundância de sais à superfície.

Uma das primeiras paragens no caminho foi no Devils Golf Course (Campo de Golf do Diabo): uma extensa área coberta de formações de sal, pontiagudas, que formam um campo tão agreste, onde  "only the devil could play golf" (só o Diabo conseguiria jogar golf)! Ah, para fazer esta travessia há muitas coisas que não podem faltar: muuuuita água, chapéus, óculos de sol, protetor solar bem forte, roupa fresca e clara e um depósito atestado. Nós levamos também comida, pois não há grandes sítios para comer lá. Os telemóveis ficam sem rede em grande parte do caminho, por isso é importante levar, ainda, um mapa em papel. Se não tiverem, eles fornecem-vos um à entrada do parque.

Outra das paragens foi em Badwater Basin. Este sítio é tão especial e diferente que é até difícil de descrever. Este é o ponto mais baixo da América do Norte e fica 86 metros abaixo do nível do mar. Consiste, basicamente, numa lagoa cristalizada. Um local onde a água é tão salgada que, com o calor, evapora, ficando apenas o sal. Isso traduz-se num enorme manto branco, rodeado por montanhas gigantes, numa imensidão inacreditável. Ao lado da lagoa, onde a a água não está sempre presente na superfície, repetidos ciclos de congelamento e evaporação, gradualmente empurram a fina crosta de sal até formar figuras hexagonais em formato de favos de mel. 

É possível deixar o carro a uns metros da lagoa e fazer o caminho a pé até lá. Nós, como somos estúpidos, decidimos (foi mais porque era o que fazia sentido em termos de rota) ir lá às 13 horas. Como devem imaginar, estava um calor insuportável mal saímos do carro. E no início desse percurso havia um sinal a indicar "Stop! Perigo de calor extremo. Não é recomendado andar aqui depois das 10h da manhã"... Não sei se já tinha dito que eram 13h e que nós somos estúpidos... Bem, à medida que começamos a andar em direção à lagoa, o chão ia ficando mais branco e o reflexo do sol no sal aumentava consideravelmente o calor. O caminho até lá parece curto, mas custou-me bastante. A sensação de estar na lagoa, sozinhos, no meio do nada, rodeada de sal e montanhas, é algo que só se faz uma vez na vida. E foi uma sensação espetacular!

O problema era que estava a ficar demasiado quente para mim. E ainda tinha que fazer todo o caminho de volta. As mãos estavam inchadas, fomos muitoooo burros e não levamos água. As pernas queimavam, toda eu ardia. Fiz o caminho praticamente em silêncio, a respirar lenta e ritmadamente, para não cair para o ladinho. Parecia que estava prestes a dar à luz e estava a treinar as respirações entre contracções... Era impossível andar muito depressa, mas eu só queria chegar ao carro o mais rapidamente possível. Com o coração disparado, a transpirar em bica e a pensar que ia desmaiar pelo caminho, lá chegamos ao carro. Bebemos uma garrafa de água de uma só vez e ficamos com a cabeça encostada às saídas de ar condicionado do carro, até arrefecermos um pouco. Meu Deus! Que loucura!

Bem, depois desta aventura, fizemos um piquenique no deserto, onde, graças a Deus, conseguimos encontrar uma sombra. Seguimos para o Zabriskie Point, um vale de formações rochosas onduladas, que tornam a sua travessia quase impossível. Outro dos pontos de paragem foi o Artist's Pallet, um conjunto de rochas coloridas devido aos minerais expostos e cinza vulcânica. As cores são incríveis! Terminamos a nossa viagem a ziguezaguear pelo deserto, até chegarmos ao seu fim e entrarmos no estado do Nevada. Vários quilómetros adiante começamos a ver, no meio do nada, um conjunto de prédios gigantes, perdidos no deserto. Era Las Vegas!! Mas disso já só falamos amanhã! 😉


Death Valley


Death Valley

Devils Golf Course

Devils Golf Course

Devils Golf Course

Badwater Basin

Badwater Basin

Badwater Basin

Badwater Basin

Badwater Basin

Badwater Basin

Badwater Basin

Badwater Basin

Badwater Basin

Badwater Basin
Death Valley
 

Zabriskie Point

Zabriskie Point


Zabriskie Point

Death Valley

Death Valley

Death Valley

Death Valley

Death Valley
Artist's Pallet

Artist's Pallet

Las Vegas ao fuuuundo!

Confesso que não ia com grandes expectativas para o Death Valley e fiquei tão agradavelmente surpreendida, que foi uma das coisas que mais gostei de visitar nestas férias! Por isso, se tiverem oportunidade, não deixem de lá ir. É mesmo espetacular 😉

Até amanhã***

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