Bom dia a todas!
Hoje é um dia que causa muitos mixed feelings às mulheres e aos homens desta vida. Se, por um lado, uns entendem que já não se justifica esta celebração, porque as mulheres já conquistaram muito daquilo por que lutaram e se querem ser iguais aos homens não precisam deste dia, outros tantos acham que ainda há muitos obstáculos para ultrapassar, muitas barreiras para derrubar.
Eu também tenho dúvidas e sentimentos contraditórios, mas a verdade é que as mulheres estão longe de terem alcançado tudo aquilo a que têm direito. Sim, já podemos votar e trabalhar, mas os nossos salários continuam a ser inferiores aos dos homens. Sim, já podemos escolher se queremos ou não ter filhos, mas a sociedade continua a olhar-nos de lado se chegamos aos 35 e continuamos "apenas" focadas na nossa carreira. Sim, já nos podemos vestir como queremos, mas continuamos a ser vítimas de insultos, violações, abusos, comentários maliciosos, objetificações, agressões. Sim, a violência doméstica já é crime, mas as mulheres continuam a sofrer (e a morrer!) às mãos de maridos e namorados violentos e são elas que têm que abandonar as suas vidas e fugir, se quiserem sobreviver.
A verdade é que chegamos a 2017 e vemos que muito já foi feito, mas muito mais está por fazer. E isso é comprovado por quem está à frente do país do outro lado do Atlântico, que considera a mulher um ser inferior, que tem é que ser bonita e saber estar, que tem que ganhar concursos de beleza e falar o menos possível, que tem que ser controlada e que tem que se controlar. Enfim, é triste chegar a este ponto da história do Mundo e ver que, em muitos sítios e em muitas coisas, não se evoluiu assim tanto ou que se está num claro retrocesso (veja-se a descriminalização da violência doméstica na Rússia...).
Apesar de muitos pensarem que a moda é, apenas, um exercício de futilidade e vaidade, certo é que, nos últimos tempos, se tem assistido a um conjunto de apelos ao feminismo e ao verdadeiro papel da mulher na sociedade. Karl Lagerfeld, em setembro de 2014, apresentou a coleção da Chanel de Outono/Inverno, na qual as modelos desfilaram com cartazes com frase de apoio ao universo feminino. A Dior também tem sido uma marca ativamente ligada a esta causa, tendo criado uma t-shirt que se tornou, imediatamente, num ícone da luta das mulheres ("we should all be feminists").
Nas semanas de moda por esse mundo fora (Nova Iorque, Paris, Madrid) foi possível assistir a todo um sentimento e movimento feminista, quer dentro quer fora das passarelles, numa clara mensagem de empowerment que não passou despercebida.
Cabe-nos a nós, mulheres, e a todos em geral, continuar a lutar para que este Dia Internacional da Mulher deixe totalmente de fazer sentido. Por enquanto, vamos deixá-lo estar por aqui. Mal não faz...
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Desfile Chanel, em Setembro de 2014 |